quinta-feira, 15 de julho de 2010

Construção civil puxa emprego no bimestre

O emprego na indústria de transformação se recuperou da crise financeira mundial e está crescendo a a um ritmo superior ao do setor de serviços. Em fevereiro o setor contratou 63.607 mil trabalhadores com carteira assinada, um aumento de 0,84% sobre o estoque existente em janeiro, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem.


O resultado representa 30,09% do total de empregos gerados no mês passado, de 209.425 mil. No setor de serviços, o crescimento foi de 0,65% na mesma comparação, enquanto na construção civil a alta ficou em 1,5%. No acumulado dos dois primeiros meses, o estoque de empregados na indústria aumentou 1,78%, na construção civil, 3,94%, e em serviços, 1,09%.


No primeiro bimestre, a indústria respondeu por 34% do total de 390 mil novos empregos gerados no país, um percentual bastante superior aos 17% de participação do setor nos 1,478 milhão de empregos criados nos últimos 12 meses. Já o setor de serviços, que nos últimos 12 meses respondeu por 40% das vagas, viu sua participação encolher para 37% no primeiro bimestre, justamente pelo maior espaço ocupado pela indústria.


Os empregos totais e as vagas abertas na indústria em fevereiro são os maiores desde o início da série história do Caged, em 1992. Até então, o maior desempenho foi obtido em 2004, quando foram criadas 504.610 mil vagas. A indústria responde por 26% do Produto Interno Bruto (PIB) e foi o setor mais prejudicado pela crise financeira mundial. O economista da LCA Consultores, Fábio Romão, aposta que a industria de transformação fechará este ano com 497 mil contratações adicionais. O segundo melhor número foi registrado em 2007, quando atingiu 394,5 novas vagas abertas.


Segundo Romão, a indústria está em um movimento de "recomposição de estoque de mão-de-obra". Ele acredita que em junho ela já terá recuperado os níveis de emprego pré-crise. Antes da crise, até outubro de 2008, disse, o estoque era de 8,117 milhões, número que hoje soma 7,968 milhões de empregos. O setor, segundo contabiliza Romão, fechou 507 mil vagas entre novembro de 2008 e março de 2009. E a partir de abril começou a ensaiar uma recuperação, acumulando cerca de 300 mil postos até fevereiro deste ano.


No mês passado, o total de vagas abertas foi 34,6% superior ao total de empregos novos criados em igual mês de 2009 - 46,8 mil vagas. Porém, ficou menor do que os 68,9 mil criados em janeiro deste ano. Este resultado, segundo Romão, é reflexo da sazonalidade do carnaval. Em fevereiro, o emprego cresceu em todas os segmentos da indústria. Os principais foram a metalurgia , que contratou 10,104 mil novos funcionários, alta de 1,37% no estoque; indústria de calçados, 10. 026 mil (+3,05%), um recorde histórico; e têxtil, com 6.428 mil empregos a mais.


O economista da Tendências Consultoria, Rafael Bacciotti, acredita que a recuperação da indústria acontecerá "de maneira consistente", sobretudo, pela demanda forte do mercado interno, uma vez que a economia internacional ainda está engatinhando, após o tombo dado pela crise. Segundo ele, a produção industrial deverá crescer 9% este ano, uma forte recuperação na comparação com 2009, quando caiu 7,4%, conforme os dados do IBGE. Isto, avalia, estimulará as contratações.


Além da indústria e da construção , o emprego cresceu em fevereiro puxado pelos setores de serviços (85.607 mil contratações, mantendo-se na liderança em número de vagas), em razão das contratações em bares e hotéis, no período de carnaval. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, este ano deve encerrar com um resultado histórico de contratações.



Fonte: Valor OnLine

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